quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

VAMOS ESTUDAR REFLETINDO?!

- Todos somos médiuns?

Todos somos portadores da mediunidade natural que é o canal psíquico pelo qual recebemos as influências boas ou ruins que estimulam as experiências do Espírito na vida terrena. Porém, nem todos somos médiuns, conforme denominou Allan Kardec.

- Então o que é um médium?

Segundo Allan Kardec, médium é todo aquele que sente a presença ostensiva dos Espíritos, seria aquele que serviria de ponte entre o mundo visível e o invisível. A prática da mediunidade é o intercâmbio entre o mundo físico e o mundo espiritual. A faculdade mediúnica liga-se a uma disposição orgânica, porém o uso que se faz.

- Como sabemos se somos médiuns? E se formos, o que devemos fazer?


Allan Kardec diz que todos somos mais ou menos médiuns, pois todos possuem a mediunidade natural, canal psíquico através do qual somos estimulados ao crescimento. Entretanto, médiuns propriamente ditos são aqueles que recebem manifestações ostensivas dos Espíritos. A única forma de sabermos se temos ou não mediunidade ostensiva é nos colocando como servidores sinceros da causa de Jesus. Ou seja, deveremos primeiro fazer parte da equipe de trabalhadores de uma casa espírita e lá, através dos estudos sérios e da disciplina, procurarmos entender antes as nuanças do contato com os Espíritos. Allan Kardec diz em O Livro dos Médiuns, que não se deve nunca iniciar um trabalho de intercâmbio espiritual sem estudar a mediunidade. Existem algumas pessoas que sentem influências dos Espíritos, em diversos graus de intensidade, e acham que, por isso, estão prontas para trabalhar nesse campo. Geralmente não aceitam a ideia de que precisam se instruir mais e mais. Vão às casas espíritas somente para trabalhar com mediunidade e se não a aceitam naquela, buscam outra, e assim permanecem por toda a vida.

- Isto pode acarretar algum problema para as pessoas?

Sim, pode. Desde perturbações leves, até obsessões graves, o que infelizmente não é pouco frequente, pela forma com que a mediunidade é tratada no Brasil. Todos somos suscetíveis às más influências devido às imperfeições próprias dos Espíritos que habitam os planetas de provas e expiações. Em muito maior escala são os médiuns que, se não cuidam do estudo e do preparo moral, funcionam como verdadeiras antenas e situam-se como focos frequentes de perturbações espirituais. Se os médiuns não tiverem os cuidados necessários com a sua edificação e se colocarem a serviço do intercâmbio sem o devido preparo, poderão cair presas de Espíritos pouco adiantados de que está cheia a atmosfera.

- Existe a incorporação de Espíritos?

No sentido semântico do termo não existe incorporação, pois nenhum Espírito conseguiria tomar o corpo de outra pessoa, assumindo o lugar da sua Alma. O que ocorre é que o médium e o Espírito se comunicam de perispírito a perispírito, ou seja, mente a mente, dando a impressão de que o médium está incorporado. Na mediunidade equilibrada, o médium tem um maior controle de sua faculdade e o fenômeno mediúnico acontece mais a nível mental. Nos processos obsessivos graves (doenças mórbidas causadas por Espíritos inferiores), onde a mediunidade está perturbada, podem ocorrer crises nervosas. Observadores de pouco conhecimento podem achar que um Espírito mau apoderou-se do corpo do enfermo. Foi esse fenômeno que deu origem às práticas de exorcismo.

- Alguém pode ser obrigado a desenvolver sua mediunidade?

Ninguém é obrigado a desenvolver a mediunidade. É errada a ideia de que a mediunidade é a causa de sofrimentos e desajustes das pessoas. O que pode ocorrer é a quebra de um compromisso assumido antes da encarnação e, consequêncais naturais de um metabolismo formado para ser instrumento deste intercâmbio mediúnico. Geralmente, sofre-se por ignorância e por falta de cuidados com a vida no plano material. Aqueles que quiserem dedicar-se à tarefa mediúnica deverão trabalhar para vencer suas imperfeições, além de ter que estudar a Doutrina Espírita com seriedade e disciplina. Um médium que não toma esses cuidados, poderá permanecer sob a influência dos Espíritos maus.

- As cirurgias espirituais são realmente feitas por Espíritos? Nesse caso, como pode um Espírito elevado ser antiético, exercendo ilegalmente a medicina?

Sim, as cirurgias espirituais são feitas por Espíritos de médicos que atuam no corpo perispiritual, utilizando de técnicas ligadas à ciência médica, usando fluidos humanos e espirituais, nada fazendo nesse campo que fira as leis humanas. Um Espírito elevado jamais transgride qualquer lei. As curas realizadas em nome do Espiritismo, praticado com seriedade, são feitas utilizando apenas a fluidoterapia. No Atendimento e Tratamento nas Sessões de Oriente e Cura, são realizadas várias cirurgias espirituais no Perispírito e Duplo Etérico dos pacientes. As cirurgias mediúnicas feitas com instrumentos cortantes não são consideradas trabalhos espíritas. As cirurgias mediúnicas com instrumentos cortantes não devem ser praticadas em centros espíritas orientados pela doutrina de Allan Kardec, justamente por ferir a legislação vigente e não tratar-se de uma prática que possa ser exercitada por qualquer pessoa. As curas no Espiritismo são feitas exclusivamente com a fluidoterapia.

- Gostaria de saber se é possível que uma pessoa que está frequentando um Templo de Umbanda não possa ajudar por não ter dons mediúnicos?


Qualquer pessoa pode ajudar num Templo de Umbanda, desde que disponha de boa vontade e preparo moral e doutrinário adequados. Isso se consegue com estudo e boa dose de seriedade, dedicação, abnegação e disciplina. Não é necessário ter dons mediúnicos para servir. Existem inúmeras frentes de trabalho no Templo, onde se poderá desempenhar tarefas que não dependem da mediunidade, são os chamados Voluntários.

- É certo o procedimento que alguns centros espíritas têm de colocar pessoas, que estão indo pela primeira vez à casa, em trabalhos mediúnicos?

Allan Kardec diz que não se deve lidar com a mediunidade sem conhecê-la. O bom senso e a razão nos falam a mesma coisa. Em todos os departamentos da vida o homem busca aperfeiçoar-se para servir melhor. Sem conhecer o seu ofício não poderá desempenhar a tarefa a que se propõe com conhecimento de causa. Portanto, colocar pessoas para lidar com Espíritos sem se preparar para isso é o mesmo que realizar experiências químicas sem conhecer as leis da química, diz o Codificador. Seria uma insensatez. Os medianeiros devem ser preparados com muita cautela para servir nesse campo. Primeiro devem estar inseridos nos trabalhos habituais da casa, servindo com dedicação e seriedade, transformando-se em trabalhadores. Devem ser instruídos nas aulas sobre a Doutrina, os Rituais e o Evangelho e depois, então, poderão ser experimentados no ministério da mediunidade. A pessoa que chega à casa espírita pela primeira vez com a intenção de servir apenas no campo da mediunidade não entendeu ainda o papel do Espiritismo em sua vida, muito menos a oportunidade que está tendo de servir com equilíbrio no campo do Bem. Necessita de instrução nesse ponto. Se for sincero o seu desejo de servir, permanecerá no aprendizado. Se não, procurará outra casa que lhe dê o que deseja.

- O que vem a ser educação e desenvolvimento mediúnico e qual a diferença da Desobsessão?

O termo educação e desenvolvimento da mediunidade são usados para o mesmo fim. Nós preferimos desenvolvimento, pois na verdade no trabalho que é feito nessas reuniões, a mediunidade vai se desenvolvendo na medida do esforço e da característica pessoal do médium. O termo educação pressupõe que a pessoa já tem uma mediunidade ostensiva e vai apenas educá-la, o que na maioria das vezes não é verdade. Mas isso é uma questão de forma. O que se deve saber é que nas reuniões de desenvolvimento estamos trabalhando o dom para servir mais e melhor, ou seja desenvolvendo e disciplinando um tarefeiro de intercâmbio espiritual, para desempenhar suas atividades servindo a Jesus no amparo dos necessitados da alma.

- O Cristão Espírita deve buscar na sua reforma íntima mudar a alimentação, evitando ou eliminando as carnes de seu cardápio? O consumo de carne prejudica o exercício mediunidade?

O objetivo da Doutrina Espírita é modificar moralmente o homem, fazendo-o melhor em todos os sentidos. A ideia de que o "não comer carne" contribui para a purificação do Espírito vem das doutrinas esotéricas orientais. Isso não tem qualquer fundamento lógico e contraria as orientações dos Espíritos Superiores a respeito do assunto. O que acontece é que a carne vermelha tem uma metabolização mais difícil que as carnes brancas ou alguns vegetais, tendo o organismo que despender maior gasto energético para concretizá-la. O hábito alimentar ocidental é cheio de vícios e temos que nos disciplinar para conter os excessos alimentares, que como todo excesso, faz mal para a saúde do corpo. Um corpo em desequilíbrio traz consequências danosas ao Espírito e vice-versa. Portanto, é prudente alimentar-se com moderação sempre. Nos dias de atividades mediúnicas, no Cruzeiro da Luz, os Médiuns são instados ao consumo de alimentação mais leve, sem a participação da carne vermelha, para evitar desgastes energéticos com a digestão e proliferação de toxinas do animal no ectoplasma a ser utilizado, facilitando, assim, a tarefa de intercâmbio das energias espirituais na fluidoterapia oferecida nos diversos Tratamentos oferecidos pelo Templo. Mais que o consumo de carne o que afeta profundamente a nossa vida são os vícios morais, esses um tanto mais difíceis de serem erradicados, do que o simples costume de se comer carne.
 
Fonte: Cabana Caboclo Rompe-Mato, SP.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Mediunidade na Umbanda – Sensações normais que o médium pode sentir

Mediunidade na Umbanda – Sensações normais que o médium pode sentir.

Cada ser humano é um universo e um sistema diferente do outro, e por isso todos nós sensitivos, sentimos de forma única os efeitos que esse complexo movimento constante de energias ao nosso redor, provoca em nós. Alguns têm sensibilidade maior em determinados chackras e isso pode causar que em determinada região ele vá sentir mais efeitos do que em outras áreas. Às vezes a pessoa tem maior sensibilidade para sentir um determinado tipo de ação e movimento energético e sentir mais fortemente um determinado tipo de sensação /sintoma e assim por diante.

Doamos e recebemos energias, somos também manipulados energeticamente e invisivelmente pelos mentores da corrente astral do agrupamento de trabalho, e tudo isso, gera sensações, sintomas, e efeitos mais ou menos perceptíveis, conforme a SENSIBILIDADE de cada um. Não quer dizer que quem não sente nada, ou sente pouco, não está em movimentação energética.

Quando passamos a entender certos processos, eles passam a nos soar mais familiares, a parecer mais simples e natural, nem nos causar mais tanto medo e insegurança, principalmente se temos a oportunidade de estar em contato com outras pessoas que passam a mesma coisa ou parecida com o que passamos.
Quando estamos nos dispondo em ambiente mediúnico de trabalho, estamos em intensa movimentação energética, tendo consciência, sabendo ou não disso. A grande maioria das pessoas não tem sensibilidade mais apurada para sentir os efeitos que essa movimentação energética provoca em todos nós.

Todos os sintomas comuns que sentimos, bocejos, choques, arrepios, lacrimejamento, calor das orelhas e face, tonteiras, enjôos, dormência, rigidez muscular, taqui cardia, tremores, movimentos involuntários, perda do controle de membros ou corpo inteiro, pressão ou formigamento na testa ou nuca, sonolências ou entorpecimento, zumbido ou ruídos dentro da cabeça, pulsação de mãos, pés, cabeça ou corpo todo, pressão no peito, estomago, etc… São sintomas de que está havendo movimentação energética em nosso duplo etérico, chackras e o corpo sente e traduz essa movimentação energética em forma de sensações e sintomas. Esses são processos normais que alguns sentem, uns mais que outros!!! e não importa o tempo de trabalho, pois é a sensibilidade que o médium sente de perceber movimentações energéticas ocorrendo em seu corpo energético.

Alguns outros sintomas decorrente da movimentação e atuação de nossos guias em nossos centros de forças durante uma sessão:
Arrepios – talvez seja o efeito mais comum, resultado da sensibilidade da troca energética que processa descargas elétricas de nosso duplo etérico.

Enjôo – pode ser resultado da movimentação do chakra gástrico para doação de energias, ou alguma entidade que atue e vibre nesse campo de força.

Tremores e movimentos involuntários – indica movimentação do duplo etérico, ação das entidades sobre nosso campo magnético, agindo sobre os chackras, tanto pode ser com o objetivo de troca energética, como para incorporar, ou preparar os centros de força para incorporações futuras, ou seja, quando estão “amaciando a carne’ para posteriores incorporações.

Os Bocejos – São frutos da emancipação/soltura do corpo astral que está sendo preparado para o afastamento que virá com a incorporação. Os bocejos se dá por entrarmos num estado de relaxamento (parecido ao que antecede o sono), onde também há o desdobramento perispiritual.

Formigar na ponta dos dedos – pode estar relacionado com a concentração de energia que ha em nossas mãos, sabemos que o campo eletromagnético que nos circuenvolve é sentido pelas extremidades, pés e mãos, por onde saem energia constantemente.

Falta de ar – É resultado da compressão do diafragma que algumas vibrações podem causar se atuam nos chakras gástrico e cardíaco.

Choro – Pode ser proveniente de vários fatores, inclusive, descargas energéticas e reequilíbrio do corpo emocional do individuo, até as programações mentais do subconsciente; Pode indicar sintonia com uma vibração de Oxum, Yemanjá, ou entidades que ative os chacras responsáveis pela emoção. Como também pode indicar emoção nossa mesmo… se ouvir pontos e nos emocionar…… faz parte : )

Ressalto que uma pessoa pode sentir algumas das vibrações citadas à cima, porém nem tudo que sentimos é sinal de que somos médiuns ostensivo, que precisamos desenvolver, seguir um trabalho e muito menos que somos médiuns de incorporação.

As pessoas podem ter sensações similares e do mesmo tipo, mas te garanto que nenhuma delas, sente igual e com a mesma intensidade de outras. Cada um tem sua própria e única natureza de receber as diversas e ricas energias que circulam , entram e saem de nossos corpos. Todos nós podemos estar mais sensitivos em dados momentos e mais “receptivos” a captar e perceber energias a nossa volta e dentro de nós.

Lembrar com relação à alimentação: as entidades podem atuar no chrakra gástrico, podendo causar enjôos e se nosso organismo estiver pesado com alimentos densos como carnes vermelhas e de difícil digestão, pode até provocar vômito e muito mal estar mesmo.
Antes e Após uma Sessão

Não devemos esquecer que somos um campo sempre em atividade. Existem várias reações, sensações e efeitos que se manifestam em nós, resultado do processo de movimentação energética. Essa movimentação tanto pode ocorrer durante a gira, anterior a ela, pois nossos espíritos já estão preparando nosso campo energético horas e às vezes dias antes (dependendo do tipo de trabalho que ocorrerá) ou após a ela.

Nós estamos sempre em contato com pessoas e ambientes, e somos mais que outras pessoas, sensíveis a possíveis presenças de campos energéticos de outras pessoas e ambiente, assim como nossas entidades podem estar agindo para assistência a terceiros junto a nós, sem que nos demos conta disso. Também podemos estar sendo doadores naturais de ectoplasma, e outros tipos de fluidos a alguém desvitalizado que funciona como uma fonte sugadora de nossas energias, e tudo isso pode causar alguns efeitos colaterais e deixar sensações e causar alguns efeitos, que logo passam. Outras vezes precisamos de algum tipo de recarga; banho de ervas ou passes energéticos, para repor a energia gasta.

É de grande valia, vigiar sempre seu estado emocional e equilíbrio psicológico e não permitir que pensamentos e sensações negativas façam morada de forma alguma, pois pode ser impressões e sentimentos que não nós pertençam , mas que podemos captar em ambientes e de pessoas. É sempre bem vindo a ida num terreiro ou centro espírita para passes e limpezas energéticas e irradiação.

Um fator muito importante em nosso desenvolvimento é aprender a identificar as sensações de nossas entidades, que embora pareçam tudo igual, mas não é. Para se assim nos aprendamos a fechar nossas portas quando entramos em contato com algum tipo de energia desconhecida.

Cada pessoa tem seu tempo, pois não envolve somente “abertura de canais mediúnicos”, mas o emocional e o psicológico precisam estar bem também, para que tudo ocorra de forma salutar, que traga alegria, leveza e satisfação e não mais agonia, desespero, medo e insegurança.

Sempre recomendo que converse com seu Pai/Mãe de Santo ou dirigente para tirar suas dúvidas.

Saravá!

Carol
 

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

VAMOS ESTUDAR REFLETINDO?!

- Que são fluidos?

Os fluidos são o veículo do pensamento dos Espíritos, tanto encarnados quanto desencarnados. Todos estamos mergulhados no fluido cósmico universal, substância básica da Criação, que varia da imponderabilidade até a ponderabilidade. Os fluidos espirituais estão impregnados dos pensamentos dos Espíritos, portanto varia de qualidade ao infinito. A atmosfera fluídica é formada pela qualidade dos pensamentos nela predominantes.

- O que é o Passe?

É a transferência de fluidos de uma pessoa a outra, através da prece e imposição de mãos, procedimento largamente usado nos centros espíritas. As energias são oriundas dos fluidos humanos (do passista) e fluidos espirituais (dos Espíritos que trabalham com a equipe de médiuns). Existem três tipos de magnetismo: o humano, o espiritual e o misto. O tipo de magnetismo utilizado nas casas espíritas é o misto, pois à ação dos encarnados soma-se a ajuda benéfica dos Espíritos que trabalham na área, qualificando, direcionando e potencializando os fluidos.

- Qual diferença entre passe magnético e passe espiritual?

O passe magnético é aquele onde a energia utilizada provém apenas do encarnado, ou seja, é utilizado o magnetismo humano. No passe espiritual são utilizados os fluidos dos Espíritos, que do mundo invisível agem sobre os indivíduos. No passe misto existem os dois tipos de fluidos, o humano e o espiritual, sendo largamente utilizado nos centros espíritas na cura das doenças físicas e psíquicas.

- Existem milagres?


O milagre é fenômeno que não se consegue explicação racional e nos parece sobrenatural. Na verdade é apenas a manifestação intencional (provocada por agentes conscientes) ou espontâneas (causadas por agentes inconscientes) de determinadas leis da natureza, ainda desconhecidas pelo homem. Deus criou leis perfeitas e imutáveis. Se o milagre existisse, como suspensão dessa leis, as mesmas não seriam perfeitas e imutáveis.. O que existe é a ignorância dos princípios que regem as leis de Deus. O que pode parecer milagre para uns, é perfeitamente explicável para outros. Por exemplo um índio selvagem que visse um eclipse do sol, acharia aquilo um milagre, mas estudando astronomia, percebe que um astro se sobrepõe a outro com um fenômeno natural. A ciência ajuda na desmistificação dos milagres como suspensão da Leis de Deus. Chegará o dia em que todos conhecerão as leis que regem os fluidos, a mediunidade, a influência do mundo espiritual sobre o mundo físico, a ação dos Espíritos sobre a matéria etc.

- O princípio vital absorvido pelo corpo humano é o mesmo que anima os animais e vegetais?

O princípio vital é o mesmo, mas sofre modificações segundo as necessidades das espécies.

- O fluido animalizado do médium, nome dado por alguns autores, é o mesmo que ectoplasma?

É a mesma coisa. Apenas uma questão de forma.

- O que é água fluidificada?

É a água magnetizada por fluidos espirituais e humanos, realizada com as preces e imposição das mãos.

- O que é a prece?

A prece é um meio que Deus nos dá de podermos entrar em contato consciente com Ele, com Jesus e com os Bons Espíritos. Através da Prece Adoramos e Louvamos a Deus; Louvamos e encontramos Jesus, nosso Pastor e Guia; evocamos e contactamos os Bons Espíritos. Pela Prece, enfim, Louvamos e Peticionamos ajuda e entendimento. É um ato de comunhão dos nossos pensamentos com Deus, Jesus e os Espíritos Superiores. Através da prece entramos em sintonia com o plano espiritual, e somos assistidos por Espíritos bons. A prece feita com sinceridade de sentimentos atrai o concurso dos amigos espirituais ou do anjo da guarda que nos assiste, dando-nos sustentação em nossas dificuldades.

- Quando realizamos uma oração direcionada a Jesus ou aos bons Espíritos, nesse mesmo instante estaremos sendo ouvidos por Eles?

A prece feita com sinceridade e fervor é sempre ouvida por Jesus e pelos Espíritos superiores encarregados de fazer cumprir a vontade de Deus: “Buscai e achareis, batei e se abrirá...” Os Bons Espíritos sempre nos assistem, dependendo do nosso merecimento, não importando muito a quem estamos endereçando o pedido. Sugerimos a leitura do Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XXVII, itens 5 a 15.

- Qual a importância da oração Pai Nosso?

Colocaremos aqui a opinião de Allan Kardec, encontrada em O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo 28, item 2, por acharmos de importância que se conheça a opinião dele sobre o assunto, já que no movimento espírita, infelizmente, não se têm o hábito de valorizá-la por acharem tratar-se de prece católica. Diz o mestre o seguinte: "De todas as preces é a que eles consideram em primeiro lugar, seja porque vem do próprio Jesus (Mateus, VI:9-13), seja porque ela pode substituir a todas as outras, conforme a intenção que se lhe atribua. É o mais perfeito modelo de concisão, verdadeira obra-prima de sublimidade, na sua simplicidade. Com efeito, sob a forma mais reduzida, ela consegue resumir todos os deveres do homem para com Deus, para consigo mesmo e para com o próximo. Encerra ainda uma profissão de fé, um ato de oração e submissão, o pedido das coisas necessárias à vida terrena e o princípio da caridade. Dize-la em intenção de alguém é pedir para outro o que desejaríamos para nós mesmos".

- O que acontece com o nosso Espírito quando morremos?

Continuamos com nossa individualidade, isto é, teremos os mesmos conhecimentos, qualidades e defeitos que tivemos em vida. A morte não nos livra das imperfeições. Seguiremos pensando da mesma forma. Nosso Espírito será atraído vibratoriamente para regiões astrais com que se afiniza moralmente. Se formos excessivamente apegados à vida material, ficaremos presos ao mundo terreno, acreditando que ainda estamos fazendo parte dele. Essa situação perdurará por certo tempo, até que ocorra naturalmente um descondicionamento psíquico. A partir desse ponto, o Espírito será conduzido às colônias espirituais, onde receberá instrução para mais tarde retornar à carne. Se, contudo, estivermos apegados a Jesus e aos Seus ensinamentos libertadores nada temos a temer da morte, pois será um desencarne para nos conduzir às regiões superiores; “Ainda que eu ande pelo vale da sombra e da morte, não temerei mal algum. Junto a mim Seu bastão, o Seu cajado, eles são a minha força” (Sl.23).

- O que acontece com os recém-nascidos que logo morrem? E por que isto acontece?


O Espírito de criança morta em tenra idade recomeça outra existência normalmente. O desencarne de recém-nascidos, freqüentemente, trata-se de prova para os pais, pois o Espírito não tem consciência do que ocorre. A maioria dessas mortes, entretanto, é por conta da imperfeição da matéria.

- Porque pessoas jovens, boas, desencarnam prematuramente, enquanto há pessoas más que vivem por muitos anos?

Se olharmos as coisas dentro da ótica materialista, certamente não encontraremos resposta para esta delicada questão. Se, no entanto, partirmos do princípio que somos seres imortais e que estamos em uma escalada evolutiva em direção à perfeição, compreenderemos com facilidade que a vida terrena é apenas parte desse processo. A verdadeira vida é a espiritual e quando encarnados cumpre-se as etapas necessárias ao aprimoramento do Espírito imortal. As diferenças existentes entre as pessoas são as várias etapas em que o Espírito se encontra em termos de evolução. O viver muitos anos, portanto, é muito relativo. A vida terrena é a escola que a criatura precisa para se aprimorar e o tempo que deve demorar aqui depende de sua necessidade. Os Espíritos bons, geralmente necessitam mesmo de menos tempo.

- Uma criança, quando desencarna, seu Espírito terá a mesma idade que ela tinha, quando era encarnada?

Sim, dependendo, no entanto, de sua maturidade espiritual. O Espírito, quando desencarna, permanece com os mesmos condicionamentos mentais que tinha na Terra, até que se conscientize de sua real situação. Permanecerá em estado de criança ou de adolescente, por um determinado tempo, dependendo de sua evolução, ou seja, de seu grau de entendimento, até que adquira plena consciência de sua condição e de suas necessidades. Isso, geralmente acontece com Espíritos que ainda estão em situação de pouca evolução espiritual. Por isso, nas colônias socorristas próximas à crosta terrestre, encontram-se Espíritos em condição de crianças e adolescentes. Deve-se saber, entretanto, que esta situação perdura apenas por um determinado período.

- Quando uma pessoa morre de morte acidental, por exemplo por afogamento, e ainda é muito jovem (18 anos) como fica o seu Espírito?

Todas as pessoas, ao desencarnarem, passam por um período mais ou menos longo de perturbação espiritual, podendo durar de algumas horas a anos, dependendo de seu grau evolutivo. Quando o Espírito é muito jovem, e certamente experimenta uma vida de muita atividade, pode permanecer sem entender sua situação por um tempo, como pode ser logo socorrido pelos Espíritos amigos que trabalham nessa área. Isso vai depender do seu merecimento. Se permanecer revoltado por ter retornado cedo, criará para si um ambiente vibratório ruim, que o levará a experimentar grandes dores morais nas zonas de sofrimento.

- O que acontece ao nosso anjo da guarda quando desencarnamos?O anjo de guarda é um Espírito protetor de uma ordem elevada que Deus, por sua imensa bondade, coloca ao nosso lado, para nos proteger, nos aconselhar e nos sustentar nas lutas da vida. Cumprem uma missão que pode ser prazerosa para uns e penosa para outros, quando seus protegidos não ouvem seus conselhos. Quando desencarnamos, ele também nos ampara e freqüentemente o reconhecemos, pois, na verdade, o conhecemos antes de mergulhar na carne. Claro que tudo depende da condição evolutiva da pessoa em questão. O anjo da guarda poderá também nos guiar em outras experiências, por muitos e muitos tempos.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

A FILOSOFIA, NEUROCIÊNCIA E O ESPIRITISMO EXPLICAM

Mênades Exaustas após a Dança (1874), pintura inacabada de Lawrence Alma-Tadema.

Mênades, tíades, bassárias ou bacantes, segundo a antiga cultura greco-romana, eram mulheres seguidoras e adoradoras do culto de Dionisio ou Baco; conhecidas por serem selvagens e endoidecidas quando em transe. Durante o culto, dançavam de uma maneira muito livre e lasciva, em total concordância com as forças mais primitivas da natureza. Os mistérios (fenômenos mediúnicos) que envolviam o nome do deus provocavam nelas um estado de êxtase absoluto, entregando-se a desmedida violência, sacrifício de animais e pessoas, sexo, embriaguez e autoflagelação. Reza a lenda que Penteu, rei de Tebas, ao tentar impedir as solenidades dos bacanais, foi confundido com um javali e despedaçado pelas bacantes; entre elas estavam a própria mãe do rei. 


A felicidade do pobre parece
a grande ilusão do carnaval:
a gente trabalha o ano inteiro
por um momento de sonho,
pra fazer a fantasia,
de rei ou de pirata ou jardineira,
e tudo se acabar na quarta-feira.

(Trecho de A Felicidade, 1959, de Vinicius de Moraes e Tom Jobim)


Uma nota Introdutória

[...]

O que difere entre nós na busca pela felicidade é onde a procuramos. Nenhuma busca é errada; é apenas associada ao grau de consciência espiritual de cada um.

A maioria considera que a felicidade está na plena realização dos desejos pessoais. Para estes, ser feliz está definitivamente vinculado à solução positiva dos problemas de saúde, de relacionamento, de família, profissional, financeiro etc.

Mas será esta a Verdadeira Felicidade?

É claro que nos esforçarmos para atingir nossas metas é importante! O erro está em associarmos as nossa felicidade ao sucesso, e a nossa infelicidade ao fracasso destes empreendimentos. Se assim for, nosso estado de espírito será tão instável quanto a alternância do bom e mal tempo. Se construirmos algo tão precioso como a nossa felicidade sobre alicerces tão instáveis como esses, assumiremos interiormente esta mesma natureza de instabilidade. Ora estaremos felizes, ora infelizes; e mais tarde, felizes de novo; e então, infelizes novamente. É isso que queremos?

[...] associarmos a nossa felicidade à realização de nossos planos pessoais nada mais é que um vínculo inadequado com o nosso próprio ego. Fazemos isso por ignorância, e nela permaneceremos até quando quisermos. Ninguém é capaz de nos tirar deste aprisionamento a não ser nós mesmos. Podemos até ter ajuda, mas a decisão, o sentimento e a ação neste sentido são exclusivamente pessoais.

O "mundo" do ego é tentador, porque, afinal de contas, quem não quer desfrutar do prazer de ter as suas metas realizadas? Mas [...] a Verdadeira Felicidade é aquela que é Eterna, ou seja, a que permanece plena tanto no sucesso como no fracasso de nossos planos egocêntricos. A Felicidade Eterna não se baseia no que é temporário, mas no que é Eterno.

(Trecho do artigo de Marcelo Patury, palestrante de estudos sobre o Bhagavad-Gita, no jornal Por do Sol, out. 2011, p. 16, com modificações)


Festim Outonal da Vindima (1877), de Lawrence Alma-Tadema.


Felicidade foi-se embora
e a saudade do meu peito inda mora,
e é por isso que eu gosto lá de fora,
porque eu sei que a falsidade não vigora.

(trecho de Felicidade, 1952, de Lupicínio Rodrigues)

O Carnaval é fonte de felicidade? A resposta correta seria: depende da perspectiva. Existem duas perspectivas filosóficas sobre a felicidade humana: a perspectiva hedônica e a eudaimônica (Ryan et al., 2008). Na primeira, baseada na palavra grega hēdonē, que significa prazer, e defendida pelo fundador do hedonismo, Aristipo (435-356 a.C.) (Watson, 1895), toda a felicidade provém do prazer dos sentidos físicos e do evitamento da dor. Assim, para alguém ser feliz, segundo esta perspectiva, deve procurar evitar todo tipo de dor e satisfazer-se nos prazeres físicos. Epicuro (341-270 a.C.) (Watson, 1895), também defensor do hedonismo, acrescenta a ideia do prazer como a tranquilidade da mente – Aponia – como a principal fonte de felicidade, refinando o conceito de hedonismo para um conceito mais espiritualizado. Ele afirma também que, do ponto de vista da moralidade, o bem é aquilo que nos faz bem e faz bem aos outros, e o mal é aquilo que nos faz mal e faz mal aos outros e que, para sermos felizes, precisamos discernir três tipos de desejos: (1) os desejos naturais e necessários (alimento, abrigo), (2) os desejos naturais e desnecessários (alimentos caros, orgias, sexo, álcool) e (3) desejos não naturais e desnecessários (status, prestígio e poder). Assim, Epicuro afirma que o primeiro tipo de desejo nos proporciona felicidade, enquanto que o segundo e o terceiro nos insere num ciclo interminável de felicidade a curto prazo e de infelicidade a longo prazo (Watson, 1895).

A Bacante ou Tocadora de Tamborim (1895), de Frederic Leighton.

Na outra perspectiva filosófica sobre a felicidade, defendida por Sócrates, Platão e Aristóteles, Eudaimonia, que significa Eu (bom) + Daimón (espírito guardião), assenta toda a felicidade na aquisição das virtudes, e que a felicidade é ter espíritos bons (ou anjos, segundo alguns cristãos) conosco, como resultado das virtudes que adquirimos em nós (Plato, 370 a.C./2005). Para Platão, as virtudes são os ingredientes fundamentais para a felicidade e incluem também a supressão dos desejos e a virtude da justiça (Plato, 370 a.C./2005). Para Aristóteles, a felicidade advém do exercício das virtudes, e constitui o ingrediente mais importante de Eudaimoniaembora ele também não despreze a importância dos bens materiais, da saúde e da beleza.

Ninfas e Sátiro (1873), de William-Adolphe Bouguereau.


O Espiritismo partilha a filosofia eudaimônica, porque mais não é que o aprofundamento da filosofia socrática e platônica e do cristianismo primitivo, dentro de uma linguagem moderna e de uma perspectiva filosófica, científica e religiosa (ver O Livro dos Espíritos, questões 100, 115, 313, 394, 440, 707, 777, 785, 789, 897, 920, 921, 922, 924, 926, 927, 931, 962, 967, 968, 976a, 979, 982, 983, Conclusão do L.E, para um estudo mais aprofundado sobre a felicidade na perspectiva espírita).


Bacante (1894), de William-Adolphe Bouguereau.

Na neurociência e na psicologia moderna, os estudos têm incidido muito mais sobre a psicologia hedônica (Kahneman, Diener e Schwarz, 1999) e sobre a neurociência do prazer (ver Schultz, 2009). Por exemplo, na psicologia hedônica, o Prêmio Nobel de Economia, Daniel Kahneman, que é psicólogo, tem estudado o chamado “bem-estar” subjetivo como a maior fonte de felicidade. Na neurociência, Schultz definiu o sistema de recompensa, conhecido popularmente como região cerebral do prazer, como a área tegmental-ventral da região medial do cérebro. Esta região reage positivamente a estímulos de prazer, como chocolate, sexo, ou qualquer outro estímulo sensorial gerador de prazer físico. Estes estudos têm conduzido a concepções neurocientíficas do hedonismo (Kringelbach e Berridge, 2009) e aplicados em uma nova área de bases neurocientíficas da psicologia hedônica, em que as emoções positivas, o bem-estar e a felicidade são o resultado do prazer sensorial.

Baco (c.1595), de Caravaggio.

No entanto, existem também duas grandes correntes (uma da Psicologia Experimental e outra da Neurociência) que enfatizam a importância das virtudes para a felicidade, ou seja, partilham uma perspectiva eudaimônica.

Baco Jovem e Enfermo (c.1593), de Caravaggio.

Dentro da Psicologia Positiva, foi demonstrado experimentalmente que as pessoas que sentem gratidão são mais felizes (Emmons e McCullough, 2003). Foi criada uma teoria da felicidade sustentada (Lyubomirsky, Sheldon, e Schkade, 2005), que demonstra que a felicidade se constitui nas atividades intencionais diárias construtivas e não nas circunstâncias da vida (Sheldon e Lyubomirsky, 2006) nem na posse dos bens materiais (Van Boven, 2005); em ajudar os outros (Lyubomirsky, Sheldon, e Schkade, 2005), e um conjunto de virtudes a serem desenvolvidas pelos seres humanos (Peterson and Seligman, 2004).

Baco Bebedor (c.1623), de Guido Reni.

Quanto à neurociência, o Dr. Jorge Moll Neto demonstrou que um ato de altruísmo (sacrifício em prol de uma causa moral) ativa o sistema de prazer, ou seja, a área tegmental-ventral da região medial do cérebro (Moll et al., 2006), conectado com o córtex frontopolar, região moralmente nobre do cérebro.

Dois Sátiros (1618-19), de Peter Paul Rubens.

Esta é a primeira prova científica de que um ato moral nobre (ou ético) gera prazer sensorial! Isto significa que o cérebro nos recompensa biologicamente por uma ação moral positiva, mesmo quando ela implica em sacrifício para nós! Para além disso, podemos afirmar, com bases científicas que, quando estamos encarnados na Terra, o prazer espiritual de uma virtude está conectado a um prazer sensorial, demonstrando aos religiosos castradores do passado que não é pecado sentir prazer! A grande questão é que o prazer sensorial ligado às virtudes torna-se propriedade intemporal do indivíduo (ver A Verdadeira Propriedade, Cap. XVI, Não se pode servir a Deus e a Mamon, item 8, de O Evangelho segundo o Espiritismo – Kardec, 1866/1944) enquanto que o prazer pelo prazer produz uma felicidade temporária, mais comumente durante o Carnaval, quando há um prazer intenso e, logo após, uma enorme ressaca de Carnaval, quando o sexo, o álcool e os batuques produzem, no dia seguinte de trabalho, a “depressão” de ter que enfrentar a realidade, sem ter construído nada de positivo e duradouro para o ser, durante a vivência do Carnaval.

Mulheres de Amfisa (1887), de Lawrence Alma-Tadema.
Dentro do conhecimento histórico que temos das mênades da Grécia Antiga, existiam os tiasoi (cortejos ao culto de Dioniso). As mulheres conhecidas como tíades juntavam-se anualmente, viajando de Atenas para se juntarem às demais em Delfos, a fim de celebrarem os ritos dionisíacos, nas encostas do monte Parnaso. Estas executavam danças em pontos fixos ao longo do percurso. Plutarco (Moralia, 249) narra um episódio do século IV, no qual um grupo de tíades de Delfos, ainda em êxtase dos seus festins, vaguearam até ao mercado de Amfisa e adormeceram. As mulheres dessa cidade, temendo que os soldados as molestassem, formaram um círculo em volta delas, mantendo uma vigília durante toda noite (Joan Breton Connely: 2007, p. 42).


Isto significa que a prática das virtudes é também uma questão de inteligência e capacidade de visão para a construção de uma felicidade sólida para cada um de nós. Respondendo então à questão inicial, a verdade é que o Carnaval proporciona uma intensa felicidade hedônica nos seus três dias de duração, mas (esses dias) se perdem nas linhas do tempo, por não ter cultivado nenhuma felicidade na perspectiva eudaimônica.

Detalhe de Mênades... de Alma-Tadema.


Marcha da Quarta-Feira de Cinzas 
(Carlos Lyra e Vinicius de Moraes, 1963)

Acabou nosso carnaval
Ninguém ouve cantar canções
Ninguém passa mais brincando feliz
E nos corações
Saudades e cinzas foi o que restou

Pelas ruas o que se vê
É uma gente que nem se vê
Que nem se sorri
Se beija e se abraça
E sai caminhando
Dançando e cantando cantigas de amor

E no entanto é preciso cantar
Mais que nunca é preciso cantar
É preciso cantar e alegrar a cidade

A tristeza que a gente tem
Qualquer dia vai se acabar
Todos vão sorrir
Voltou a esperança
É o povo que dança
Contente da vida, feliz a cantar

Porque são tantas coisas azuis
há tão grandes promessas de luz
Tanto amor para amar e que a gente nem sabe

Quem me dera viver pra ver
E brincar outros carnavais
Com a beleza dos velhos carnavais
Que marchas tão lindas
E o povo cantando seu canto de paz

Para ouvir (na voz de Dalva de Oliveira):

Referências:

ARISTOTLE (1998). The nicomachean ethics. Trans. D. Ross. New York: Oxford Univ. Press.

EMMONS, R.A. & MCCULLOUGH, M.E. (2003). Counting blessings versus burdens: An experimental investigation of gratitude and subjective well-being in dally life. Journal of Personality and Social Psychology, 84(2), 377-389.

KAHNEMAN, D.E; DIENER, E. & SCHWARZ, N. (1999). Well-being: the foundations of hedonic psychology. New York: Russell Sage Foundation.

KARDEC, A. (1860/1944). O Livro dos EspíritosRio de Janeiro: FEB.
KARDEC, A. (1860/1944). O Evangelho segundo o Espiritismo. Rio de Janeiro: FEB.
KRINGELBACH, M.L. & BERRIDGE, K.C. (2009). Toward a functional neuroanatomy of pleasure and happiness. Trends in Cognitive Sciences, 13(11), 479-487.

LYUBOMIRSKY, S.; SHELDON, K.M. & SCHKADE, D. (2005). Pursuing happiness: The architecture of sustainable change. Review of General Psychology, 9(2), 111-131.

PETERSON, C. & SELIGMAN, M.E.P. (2004). Character strengths and virtues: A handbook and classification. New York: Oxford University Press/Washington, DC: American Psychological Association.

PLATO (2005). Phaedrus. London: Penguim Classics.

RYAN, R.M.; HUTA, V. & DECI, E.L. (2008). Living well: A self-determination theory perspective on eudaimonia. Journal of Happiness Studies, 9, 139-170.

SCHULTZ, W. (2009). Midbrain dopamine neurons: a retina of the reward system? In P.W. Glimcher, C.F. Camerer, E. Fehr and R.A. Poldrack (Eds.), Neuroeconomics, decision making and the brain, pp. 323-329.

SHELDON, K.M. & LYUBOMIRSKY, S. (2006). Achieving sustainable gains in happiness: Change your actions, not your circumstances. Journal of Happiness Studies, 7, 55-86.

VAN BOVEN, L. (2005). Experientialism, materialism, and the pursuit of happiness. Review of General Psychology, 9, 132-142.

WATSON, J. (1895). Hedonistic theories from Aristippus to SpencerLondon: Bibliolife, LLC.

Artigo de João Ascenso (psicólogo social, neurocientista e expositor espírita) em Revista Cultural Espírita, Rio de Janeiro: ICEB, março de 2011, pp. 12-13 (com modificações).
 

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

A CIDADE ESTRANHA

A CIDADE ESTRANHA

Em um dos constantes desdobramentos astrais ocorridos com o nosso médium maior, durante o sono, Emmanuel conduziu o duplo-astral de Chico Xavier a uma imensa “cidade espiritual”, situada numa região do Umbral. Esta lhe pareceu extremamente inferior e bastante próxima da crosta planetária.

Era uma “Cidade Estranha” não só pelo seu aspecto desarmônico e antiestético, como pelas manifestações de luxúria, degradação de costumes e sensualidade dos seus habitantes, exibidas em todos os logradouros públicos, ruas, praças etc. Emmanuel informou a Chico que aquela vasta comunidade espiritual era governada por entidades mentalmente vigorosas, porém negativas em termos de ética e sentimentos humanos. Eram esses maiorais que davam as ordens e faziam-se obedecer, exercendo sobre aquelas entidades um poder do tipo da sugestão hipnótica, ao qual tais espíritos estariam submetidos, ainda mesmo depois de reencarnados.

Pelas ruas da referida cidade estranha, desfilavam, de maneira semelhante a cordões carnavalescos, multidões compostas de entidades que se esmeravam em exibições de natureza pornográfica, erótica e debochada.

Os maiorais eram conduzidos em andores ou tronos colocados sobre carros alegóricos, cujos formatos imitavam os órgãos sexuais masculinos e femininos.

Conclusão

É elementar, e poucos ignoram que a História da espécie humana apresenta-se pontilhada de períodos de grandes crises, seguidos de fases de prosperidade e reequilíbrio. É semelhante a uma sucessão de ciclos que se desenvolvem como uma espiral em constante ascensão. Há um lento progredir, apesar dos episódios negativos. Provavelmente os Planos Superiores da Espiritualidade velam pela humanidade, dosando sabiamente os "ingredientes" injetados na corrente da vida. A par dos espíritos rebeldes, reencarnam também aqueles que lutam pelo bem, pela Ciência e pelo aperfeiçoamento do homem. Não percamos a esperança.

(Hernani Guimarães Andrade, janeiro de 1990).

Trecho do Livro "Lições de Sabedoria" - Marlene Nobre - Item: " RETORNO DOS HABITANTES DA CIDADE ESTRANHA " - FE Editora Jornalística Ltda.
 

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

O CARNAVAL AOS OLHOS DE UM ESPÍRITO

Procissão de Carnaval (século XIX), pintura de Adrien Moreau.

Atrás do trio elétrico TAMBÉM vai quem já morreu!
(Paródia da canção Atrás do Trio Elétrico, de Caetano Veloso)
***
... Só a alma da turba consegue o prodígio de
ligar o sofrimento e o gozo na mesma lei de fatalidade, só o povo diverte-se não esquecendo as suas
chagas, só a populaça desta terra de sol encara sem pavor a morte nos sambas macabros do Carnaval.

[RIO, João do. Cordões. In: A alma encantadora das ruas: crônicas. São Paulo: Martin Claret, 2007, p. 133] 

(...) Estamos na semana de carnaval na terra.

As ondas vibratórias inferiores de desejo e sexualidade se expandem de tal forma, que temos de desenvolver um escudo energético de proteção, para que não sejam atingidos os hospitais e as Colônias próximas à crosta. (...).

Infelizmente, em nosso querido país, o Coração do Mundo e Pátria do Evangelho, tornou-se uma tradição nefasta. Pessoas do mundo inteiro são atraídas para cá, em busca de diversão e sexualidade.

É com tristeza que verificamos que a festa do carnaval, com o tempo, foi se tornando cada vez mais apelativa e contrária aos bons costumes.

(...) Acompanhe-me e poderá vislumbrar singular fenômeno vibratório que envolve a Terra neste período do ano.



(...) Alcançamos determinada altitude que nos permitia divisar a curvatura da Terra e os contornos do nosso país. (...) para minha surpresa, verifiquei que, em vez da tonalidade azulada que normalmente envolvia a Terra, apresentava-se naquele instante, uma coloração diferente. Nuanças de vermelho escuro irradiavam-se, envolvendo grande parte do continente, notadamente na região em que se localizava o território brasileiro.

(...) Em regiões de conflito e guerra, os sentimentos de ódio, dor, morte, angústia e sofrimento, provocam a expansão, para além da estratosfera, das vibrações em formas agressivas e pontiagudas, de coloração vermelho escarlate, que se fazem sentir nos planos próximos da crosta terrestre, na região em que se desenrola o conflito. 

O Brasil não vive nenhum conflito bélico, mas as vibrações emitidas pelas sensações inferiores do ser humano, em forma coletiva, encontram ressonâncias no plano do astral inferior, que tomam de assalto a crosta neste período. Como conseqüência, as vibrações das sensações materiais e inferiores dos sentidos humanos formam também uma nuvem espessa e densa, que envolve as regiões onde o carnaval vive a sua plenitude.

Desfile de Carnaval com Figuras Mascaradas (século XVII-XVIII), 
pintura de Pierre Bergaigne.

(...) Eu observava admirado as regiões em que a folia de carnaval se fazia mais intensa. Aqueles locais se revelavam, à nossa vista espiritual, envoltos em densa neblina escura e em vibração de baixo teor.

(...) Tentei concentrar-me, por breves instantes, em determinada cidade, que vivia naquela noite, o ponto máximo da explosão carnavalesca. Breves instantes, mas o suficiente para sentir uma atração forte e agressiva, qual poderoso ímã, despertando-me sensações da libido e desejos carnais incontroláveis, como um chamamento apelativo e irresistível. Senti-me momentaneamente, sufocado, mas com esforço, repeli de imediato aqueles chamamentos em forma de instintos primitivos, mudando meu campo vibratório para libertar-me daquela perigosa e envolvente sintonia.

(...) Agora posso dizer que, mesmo aqueles que já têm o hábito da vigilância e da oração, e buscam o caminho reto, terão imensas imensas dificuldades para se manterem imunes ao terrível envolvimento.

Quanto à criatura humana invigilante, não há defesa; facilmente será arrastada pelo violento turbilhão dos instintos inferiores, particularmente se, no íntimo, ela também se compraz em viver essas sensações!



(...) Não podemos olvidar os apontamentos de João Evangelista, quando nos alertou no livro do "Apocalipse" que, no final dos tempos [não o fim do mundo, mas a passagem evolutiva do nosso planeta do estado de 'provas e expiações' para 'regeneração' ], as forças do mal [espíritos moralmente inferiores que insistem em permanecer em tal estado] seriam soltas; elas viriam cheias de fúria, pois sabiam que lhes restava pouco tempo [reencarnarão em mundos menos evoluídos] e que, permitido fosse, até "os escolhidos" seriam arrastados, tal a força do magnetismo primitivo que faz com que aflore em cada um os instintos inferiores.

(...) Segui em direção ao Rio de Janeiro; naquele momento regurgitavam nas avenidas os blocos e escolas em desfile faraônico.
Palhaços de Carnaval (século XVII), pintura de Willem Cornelisz Duyster.

(...) Notei nas ruas a presença de espíritos das mais diversas categorias: desde os desorientados (agora mais desorientados ainda!), zombeteiros, galhofeiros, brincalhões que serviam àqueles que comandavam a turba desencarnada, para atingir seus propósitos. Por toda parte, era flagrante a presença maciça de irmãos menos felizes que se misturavam com a turba encarnada. 

Três Bufões do Carnaval (gravura de 1642).

(...) Saímos para as avenidas onde desfilavam as escolas. Apesar da beleza aparente, o que se escondia por trás das fantasias, alegorias e do rufar dos tambores e tamborins, eram quadros preocupantes de espíritos desequilibrados, que encontravam material farto e abundante para materializar seus desejos inferiores em consonância com maioria da platéia.

(...) A noite já avançava madrugada a dentro e em breve o sol estaria novamente retornando, para espantar as trevas, inundando o planeta de alegria e de luz. Elevamo-nos ao espaço, deixando para trás o barulho ensurdecedor da folia carnavalesca.

(Partes do texto do Espírito Irmão Virgílio. Médium Antônio Demarchi, com adições)
Fonte: http://jensoares.blogspot.com.br/p/o-carnaval-sob-visao-espirita.html
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...