Em
sua origem africana, Exu é o interlocutor entre os homens e os deuses,
conhecedor da linguagem dos dois mundos, vai ao sagrado levar o chamado
dos seus filhos que se encontram no mundo profano. Se os homens
necessitam do auxílio dos Orixás, Exu é este mensageiro encarregado da
comunicação entre a África sagrada e o Brasil profano.
Os espíritos cultuados
na Quimbanda são ancestrais que tiveram ligação com o culto, em sua
maioria pertencente a grupos familiares do século XIX e início do século
XX, tendo, muitas vezes, travado relações de sangue com as culturas
nativas como os brancos europeus que se relacionavam com negras ou
índias. Estes passaram a ser chamados de Exu - um equívoco linguístico
certamente, visto que Exu é a divindade Nagô. E foi por causa do seu
arquétipo que acabou sendo relacionado às nossas entidades,
“emprestado”, por assim dizer, o seu nome, pela característica de ser
irreverente e debochado, que desafiava a ordem e os dogmas da igreja. A
verdadeira denominação que deveríamos utilizar para os espíritos
cultuados seria "Kimbandas", pois assim eram conhecidos os
chefes-feiticeiros das tribos tanto na África Bantu quanto no Brasil
escravocrata. Estes se fizeram notar pelos trabalhos de magia, transes e
pela capacidade de curar através de elementos naturais, que em suas mão
adquiriam caráter magístico.
A
ancestralidade é a chave para compreendermos o universo religioso e
popular que se desenvolveu no Brasil, e é preciso voltar ao passado e
compreender a miscigenação das raças e culturas que formaram nossa
sociedade. Observando por esse ângulo fica mais fácil perceber que as
nossas entidades não estão necessariamente vinculadas à mecanismos de
evolução kármica, mas sim a algo bem mais óbvio – a relação ancestral.
A
Quimbanda tem bases diferentes do espiritismo umbandista ou kardecista;
na teologia quimbandeira não existe a evolução dos espíritos no sentido
de passagens de graus ou de dimensões e os exus são tidos como
ancestrais não apenas por terem vivido antes de nós, mas por serem,
realmente, ligados ou à ascendência do médium ou à ascendência do
culto/casa em que o mesmo é iniciado.
Trechos do texto extraídos e/ou adaptados de:
- EXUBANDEIRO. "Exu - Entidade de Quimbanda", 28/12/2011, http://www.facebook.com/
note.php?note_id=24518177555068 0 - OMOBATALA, Baba Osvaldo. "Reino de Quimbanda (versión digital)", 2004, Editora Bayo
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