quinta-feira, 12 de maio de 2011

RITUAL E MAGIA


O Ritual é o conjunto de símbolos realizados por meio dos elementos, das palavras e dos gestos, que têm caráter energético e devem promover uma ação interna de religiosidade e crescimento espiritual nos seus participantes.

A Magia se constitui na manipulação das energias salutares, dos fluidos que estão contidos nas forças sutis, e que se manifestam no plano físico concreto por meio dos elementos, que Deus nos proporciona através da natureza que, não podemos esquecer, são regidas pelos Sagrados Orixás, em função de um bem religioso que purifica, energiza, destrói elementos negativos e cura.

Essa Magia só deve ser manipulada em prol do bem e do crescimento espiritual das criaturas. O uso dessas energias, na magia, para proporcionar desassossego ou qualquer tipo de mal é um uso abusivo, afinizado com as sombras, que desvia sua verdadeira função. Voltamos a lembrar que essas energias naturais são regidas e conduzidas pelos Sagrados Orixás e, portanto, o uso indevido das mesmas, apesar de permitido face a lei do livre arbítrio dos seres, terão mais cedo ou mais tarde suas conseqüências funestas sobre aqueles que assim ousam deturpar suas verdadeiras funções divinas, tendo em vista a realização da Lei Causa e Efeito, da Lei do Retorno, pois serão grandes dívidas contraídas em face da Lei Sagrada de Deus.

Na Umbanda essa Magia, chamada por alguns de Magia Branca, ocorre por meio dos Rituais e ação dos Guias e Mentores Espirituais. Lembremos que a própria natureza, por si só, é uma realização magística constante, desde o abrir de uma flor, a um coração que bate no peito de um ser vivente. É sempre a conjunção de energias manipuladas pela própria natureza com uma finalidade determinada, o que proporciona a todos nós o grande espetáculo da Criação, Manutenção e Transformação de todas as coisas.

Nós próprios, com nossa mente, manipulamos constantemente as energias, tanto para o bem como para o mal de nós próprios. O estado de paz, de alegria, de saúde e bem-estar, está diretamente associado a essa manipulação mental, atraindo sobre nós energias sutis, puras e claras ou energias densas, pesadas e enfermiças, sempre de acordo com meu estado mental, seja de fé, esperança, auto-estima e caridade ou de desesperança, tristeza, depressão, maldade, etc...

A Magia, manipulação de energias por meio dos rituais, é uma forma oferecida pela Misericórdia Divina para suprir a nossa ainda incapacidade de manipulação energética mental para o nosso bem e do nosso próximo. Isso, tendo em vista o nosso estágio ainda imperfeito e ignorante da etapa evolutiva em que nos encontramos. Quando crescermos, nos espiritualizarmos o suficiente, poderemos realizar em nosso benefício e de nossos irmãos aquilo que hoje os Orixás, Mentores Maiores, Guias e a própria sabedoria ritualística, seja na Umbanda, ou em outros segmentos religiosos, o fazem em nosso socorro. O que se chama de milagre nada mais é do que essa manipulação magística realizada e concretizada num fato benéfico de ajuda e cura às criaturas. Jesus assim o fez na Sua Alta Sabedoria e Poder sobre os elementos energéticos naturais.

Na Umbanda tudo é magia, é manipulação energética religiosa em função do Bem e do crescimento espiritual de todos aqueles que dela participam. Desde o momento em que se entra num Templo Umbandista com suas saudações ritualísticas, bênçãos, etc, até as Giras como tal, são realizações dessa Magia Sagrada, sem falar na manipulação energética dos chamados “trabalhos”, como Oferendas, Iniciações, Tratamentos, Mandalas Energéticas, etc...

No Cruzeiro da Luz vemos essa manipulação energética se concretizar por meio de três movimentos essenciais que chamamos de Movimento TÂNTRICO, MÂNTRICO e YÂNTRICO.

Consideramos o Movimento TÂNTRICO aquele que é operado pela mente religiosa. É o que denominamos mentalização ou concentração. Ocorre quando a mente age pela vontade, direcionando o pensamento para a ação a ser realizada. No nosso caso, a ação religiosa. É o movimento interno. A prece, o sentimento de religiosidade, de respeito, de sacralidade, de amor e de fé, são movimentos Tântricos. O Congá, em um Templo Umbandista, deve ser o estimulador desse movimento Tântrico. Olhar o Congá deve nos estimular à prece, religiosidade, fé, interiorização.

Sem esse movimento Tântrico, impossível a realização da Magia, pois a mente, religiosamente ou não, é quem vai dar o comando para a manipulação energética. Na Umbanda, sem ela todo o ritual não passará de teatralidade, fantasia e gestos e atitudes sem repercussão no etérico/astral. A prece interiorizada, mentalizada é a melhor forma magística Tântrica. Por isso, cantar pontos numa Gira sem mentalizá-los, sem beber mentalmente suas mensagens, é pura “modinha” de salão. Dançar numa Gira ou bater palmas, sem interiorização desses atos, sem beber os seus significados simbólicos, seria pura atração popular, mas carecendo de realização magística religiosa. É claro que os Obreiros Espirituais buscam suprir a nossa ignorância e incapacidade de esgotar a atuação desse movimento nos nossos Rituais, o que não deve ser visto como se estivéssemos liberados do esforço para essa realização mental/espiritual/religiosa. Neste caso, eles se cansam e nos deixam ao nosso livre arbítrio, e vamos encontrar Giras que são verdadeiros pandemônios teatrais, senão cômicos e vazios de espiritualidade e religiosidade, que não conduzem ao Bem, à Harmonia, à Paz e à verdadeira Alegria.

O Movimento MÂNTRICO se realiza a partir do som. O som reverbera no ambiente físico, penetra no campo energético etérico/astral e retorna como um manancial magístico de Equilíbrio, de realizações e de amor.

Cantar pontos numa Gira não significa uma apresentação de belas vozes ou gritaria que acaba por mexer com o campo anímico dos participantes. Os pontos cantados na Umbanda têm a função de oferecer condições propícias para a realização da magia religiosa, pois canalizam as energias vibratórias invocadas e, em conjunto com o Movimento Tântrico, realizam a finalidade da ação religiosa do culto ali prestado.

O Movimento Mântrico ocorre por meio do Canto, da Prece falada, etc... Os Guias de Umbanda têm sua ação mântrica realizada por meio dos seus brados, sons por eles emitidos, que têm esse condão de penetrar no campo étero/astral e trazer para a manipulação por eles realizada, com o magnetismo do médium que os incorpora, energias de trabalho e cura.

O Atabaque, na Umbanda, é um símbolo desse movimento Mântrico, pois tem a função específica e só, de energizar o ambiente e oferecer melhores condições de o médium assumir suas posturas religiosas mântricas no terreiro. Quando o Atabaque se torna um instrumento de percussão barulhento, desassossegador, ele perde a sua função religiosa para ser apenas um tambor de festa.

O Movimento YÂNTRICO é o movimento do movimento propriamente dito. É a ação externa que deve ser produto da interioridade. Tudo aquilo que é usado na magia como fator de exterioridade, de onde serão retirados os elementos energéticos internos, ou seja, seu conteúdo étero/astral, é Yântrico. Desde a dança, ou pelo menos o movimento do corpo dos médiuns numa Gira, até as oferendas com suas frutas, flores, etc, obedecem a esse movimento Yântrico.

Os médiuns, em uma Gira, devem se movimentar sim, ou até dançarem, exprimindo o simbolismo da vibratória que se louva ou se invoca, desde que isto seja uma ação comandada pelo Movimento Tântrico e Yântrico bem sucedido. Nas posturas e danças ritualísticas religiosas dos médiuns estará acontecendo um desprendimento de suas energias magnéticas, que serão manipuladas, junto com as energias espirituais, para a limpeza do ambiente e para o uso dos Guias e Mentores em seus trabalhos de aconselhamento, limpeza e cura.

Podemos ainda acrescentar que a dança, assim como o canto, deve ser para o médium umbandista meios de expressão de sua fé, de seu amor e de seu devotamento ao culto sagrado em seus Templos religiosos. Pela dança, como pelo canto, eles louvam, eles agradecem, eles invocam a espiritualidade, em nome de Jesus, para o crescimento espiritual e ajuda na caminhada evolutiva sua e de seus irmãos.

A Umbanda, como vemos, é uma religião rica em seus rituais magísticos, quando compreendidos e realizados dentro do espírito do sagrado e da busca constante da melhoria mental, emocional e física, para um caminhar com Jesus, com os Sagrados Orixás e com seus Guias, em demanda do mais Alto, do aperfeiçoamento de seus espíritos, nesse encontro com Deus, que é o fim último de todos nós e a razão de ser da existência das Religiões.

“Senhor, nós viemos de Ti e nossos corações só encontrarão descanso quando retornarmos a Ti” - Sto Agostinho.

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