quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Krishna: O Cristo do Oriente

Por Paramahansa Yogananda

Muitas são as histórias maravilhosas contadas sobre Jadava Krishna, o grande avatar e divino rei, que governou sobre Gujarat na antiga Índia.

Krishna veio à terra muito mais cedo que Jesus Cristo – mais ou menos três mil anos antes, conforme afirmam alguns eruditos – mas eles eram uno em espírito, ambos tendo atingido a Consciência Crística ou unidade com a onipresença de Deus imanente de cada átomo da criação.

Deste modo, eles podiam projetar suas consciências em cada ponto do cosmos, estando conscientes para ajudarem todos que estavam fisicamente longe deles. Mas além da grande concomitância espiritual demonstrada em suas vidas, havia entre eles também muitas similaridades pessoais.

Ambos nasceram de pais fervorosos à Deus. A mãe de Krishna e seu pai foram perseguidos por seu perverso tio, o rei Kansa, assim como o rei Herodes atormentou os pais de Jesus.

Jesus foi comparado a um bom pastor de Deus; Krishna durante sua infância, escondendo-se de Kansa, cuidou de novilhas.

Jesus venceu Satanás; Krishna venceu o demônio Kaliya. Satanás e Kaliya representam o mal, ou a ignorância de Deus.

Jesus parou uma tempestade no oceano e salvou o barco de seus discípulos; Krishna impediu seus devotos e seus respectivos rebanhos de afogarem-se numa terrível inundação, levantando o monte Gowardhan sobre eles, como um guarda-chuva.

Jesus era chamado “Rei dos Judeus”, embora seu reino não fosse deste mundo; Krishna era tanto rei terreno como divino.

O destino de ambos foi profetizado nas escrituras, e ambos foram mortos por grupos desorientados: Krishna foi ferido mortalmente por uma flecha de um caçador, e Jesus foi crucificado por aqueles que ignoravam sua divindade.

Estes dois avatares – ambos orientais – são comumente reconhecidos no oriente e ocidente como supremas encarnações de Deus.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Allan Kardec e o Livro dos Espíritos

Allan Kardec, o respeitável professor Donizard Rivail, já havia organizado extensa porção das páginas reveladoras que constituem O Livro dos Espíritos.

Devotado observador, aliara inteligência e carinho, método e bom senso na formação da primeira obra que lançaria os fundamentos da Doutrina Espírita.

Não desconhecia que a sobrevivência da alma era tema empolgante no século. Entretanto, apontamentos e experimentações, em torno do assunto, alinhavam-se desordenados e nebulosos. Os fenômenos do intercâmbio, pareciam ameaçados pela hipertrofia de espetaculosidade.

Saindo de humilde vilarejo da América do Norte, a comunicação com os Espíritos desencarnados atingira os mais cultos ambientes da Europa, originando infrutífero sensacionalismo. Era necessário surgisse alguém com bastante coragem para extrair do labirinto a linha básica da filosofia consoladora que os fatos consubstanciavam, irrefutáveis e abundantes.

Advertido por amigos da Espiritualidade de que a ele se atribuía, em nome do Senhor, a elevada missão de codificar os princípios espíritas, destinados à mais ampla reforma religiosa, pusera mãos ao trabalho, sem cogitar de sacrifícios. E adotando o sistema de perguntas e respostas, conseguiria vasta colheita de esclarecimento e de luz.

Guardava consigo preciosas anotações acerca da constituição geral do Universo, surpreendente informes sobre a vida de além-túmulo e belas asserções definindo as leis morais que orientam a Humanidade.

O material esparso equivalia quase que praticamente ao livro pronto. Contudo, era preciso estabelecer um ponto de partida. O primeiro compêndio do Espiritismo, endereçado ao presente ao futuro, não podia prescindir de sólidos alicerces.

E, debruçado sobre a mesa de trabalho, em nevada noite do inverno de 1856, o Codificador interrogava a si mesmo: – Por onde começar? Pelas conclusões científicas ou pelas indagações filosóficas? Seria justo desligar a Doutrina, que vinha consagrar o antigo ensinamento do Cristo, de todo e qualquer apoio da fé, na construção das bases que lhe diziam respeito?

O conhecimento humano!… – pensava ele – não se modificava o conhecimento humano todos os dias?… As ilações filosófico-científicas não eram as mesmas em todos os séculos… E valeria escravizar o Espiritismo à exaltação do cérebro, em prejuízo do sentimento?

Atormentado, via mentalmente os homens de seu tempo e de sua pátria extraviados na sombra do materialismo demolidor…

A grande revolução que pretendera entronizar os direitos do Homem ainda estava presente no ar que ele respirava. Desde 2 de Dezembro de 1851, o governo de Luis Napoleão, que retomava as linhas do Império, permitia prisões em massa, com deliberada perseguição aos elementos de todas as classes sociais que não aplaudissem os planos do poder. Muitos membros da Assembléia haviam sofrido banimento e mais de vinte mil franceses jaziam deportados, muitos deles sem qualquer razão justa. Homens dignos eram enviados a regiões inóspitas, quando não eram confiados, no cárcere, à morte lenta.

O pensamento do missionário foi mais longe… Recordou-se de Voltaire e Rousseau, admiráveis condutores da inteligência, mas também precursores da ironia e do terror. Lembrou Condorcet, o filósofo e matemático, envenenando-se para escapar à guilhotina, e Marat, o médico e publicista, assassinado num banho de sangue, quando instigava a matança e a destruição.

Valeria a cultura da inteligência, só por si, quando, a par dos bens que espalhava, podia desmandar-se em sarcasmo arrasador e loucura furiosa?

Com o respeito que ele consagrava incondicionalmente à Ciência e à Filosofia, Kardec orou com todo o coração, suplicando a inspiração do Alto. Erguia-se-lhe a prece comovente, quando raios de amor lhe envolveram o espírito inquieto e ele ouviu, na acústica da própria alma, vigoroso apelo íntimo: – “Não menosprezes a fé!… Não comeces a obra redentora sem a Bênção Divina!…”.

E o Codificador, nimbado de luz, com a emotividade jubilosa de quem por fim encontrara solução o terrível problema, longamente sofrido, consagrou o primeiro capítulo de O Livro dos espíritos à existência de Deus.

pelo Espírito Irmão X – Do livro: “Doutrina Escola” – psicografia de Francisco Cândido Xavier – Autores Diversos.

sábado, 27 de outubro de 2012

Meditação Angelical

A prática da meditação é de um valor incalculável para todos aqueles que desejam avançar pelo caminho espiritual, pois ao aquietar nossa natureza inferior, nos permite manifestar os níveis superiores do nosso ser, os mesmos que nos comunicam e nos unificam com os planos mais elevados da existência, com os Anjos e com Deus.

O ideal é dispor de um lugar onde ninguém e nada nos incomode, um cantinho sagrado onde nosso espírito possa recolher-se em paz, isolado o máximo possível do mundo exterior.

Na verdadeira meditação a atividade mental se reduz a níveis mínimos. Trata-se simplesmente de sentar sem fazer nada. 

É deixar a mente em branco, observando calmamente nossos movimentos, com atenção, mas sem interferir neles. Idéias e imagens virão a nossa mente, e do mesmo modo partirão para deixar lugar a outras. 

Não devemos nos preocupar com elas, pois a mente é como um espelho. Seu trabalho é refletir imagens, porém nós não somos essas imagens. Tampouco somos a mente. 

Esta é tão somente um instrumento do qual devemos nos servir. 

A meditação limpa esse espelho e afina esse instrumento, para que, por intermédio dele, possamos alcançar o mais elevado, possamos chegar à consciência do nosso Ser real, da unidade de todas as coisas, de Deus.

Meditar não é pensar, não é imaginar e não é visualizar. Todas essas atividades são úteis e cumprem uma função insubstituível no caminho espiritual, mas não são consideradas meditações.

Os Anjos conhecem a importância da meditação e por ela estão dispostos a nos ajudar. 

Os sete tópicos seguintes podem ser utilizados como guias:

1. Adaptar o ambiente. Reduzir a luz, talvez acendendo uma vela e um incenso, se sentimos que ele pode nos ajudar.

2. Sentarmos comodamente. Com as costas eretas, os pés descansando no chão e as mãos colocadas sobre as coxas.

3. Fazer um pedido mental aos Anjos, nosso irmãos mais velhos, para que nos protejam e nos ajudem na meditação que vamos iniciar. Esse pedido não pode ser verbalizado nem mentalmente. Um rápido pensamento será suficiente. Em seguida podemos visualizar os Anjos fazendo, com suas asas, um arco sobre nossa cabeça, envolvendo-nos totalmente, e formando uma verdadeira cadeia protetora sobre nós, pela frente, por trás, pelos lados e por baixo. 

4. Ao mesmo tempo, visualizamos os Anjos invocando à Luz que do alto desça até nós.

5. Uma vez estabelecida essa proteção angelical, devemos nos esquecer dela e nos concentrar, por um breve momento, outra vez em nossa respiração. Devemos contar sete ou nove ciclos respiratórios completos. Não é preciso tentar respirar de nenhum modo especial, não devemos fazer nada, apenas deixar que a respiração flua naturalmente.

6. Esse não fazer nada já significa estar meditando. Algumas pessoas obtêm bons resultados quando fixam mentalmente em algum ponto, mas na realidade, não precisamos fixar em absolutamente nada.

7. Quando sentirmos que o tempo se esgotou, voltamos a ficar conscientes do processo respiratório. Em seguida, devemos agradecer mentalmente aos Anjos por sua ajuda e proteção, e, em troca, oferecer-lhes nossa ajuda quando eles desejarem. A seguir moveremos ligeiramente os dedos dos pés, depois os das mãos, para finalmente podermos abrir os olhos dando a sessão por encerrada.

Os Anjos conhecem a importância da meditação e estarão sempre prontos a nos ajudar na sua realização. E aqueles que nos tenham auxiliado e protegido na primeira vez estarão ansiosos por fazê-lo de novo, estabelecendo com isso, entre eles e nós, uma relação muito forte, uma espécie de sociedade ou de espírito de equipe. 

É a “Fraternidade dos Anjos e dos Homens”.



quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Jesus e a Umbanda

O CRISTO

O Cristo simboliza o ponto em que Deus e o Homem se tornam um só. É o símbolo da união divina. Neste ponto o homem está completamente livre da prisão da matéria e da roda das sucessivas reencarnações. Cristo e Buda possuem o mesmo significado filosófico. Sendo que um surgiu nos extremos orientais hindus e o outro entre os místicos hebreus, que pregavam o Merkabah (carruagem) que era a carruagem que levava o homem ao encontro de Deus.

O Judaísmo sempre foi muito complexo e em sua sociedade existem várias escolas, pregando as mais diversas filosofias. Cada grupo influenciado por várias outras correntes da palestina: Mitraismo, Zoroastrismo, Osiris, Horus, Helenismo, Romanismo, Hinduismo, Gnostico, etc. Havia também os que pregavam a aplicação literal das escrituras. Entre estas escolas estão os Essênios, fariseus e saduceus. Cada grupo deste subdivido em vários outros subgrupos. Cada um pregando uma forma de conduta, da mais permissiva às mais revolucionarias.

Havia nas escrituras uma referência a um Cristo, um Messias, pregado nas profecias de Daniel e de Isaias. Sobre a figura deste mítico Messias pairavam as mais diversas especulações: para uns seria um líder revolucionário que livraria os Judeus do jugo de seus inimigos Romanos e governaria o Reino de Israel de forma Justa. Para outros tratava-se de um líder místico, o Buda Judaico. Provavelmente, os Cristãos Primitivos nasceram desta idéia, de acordo com os Manuscritos de Qunram. Desta escola eram os Essênios e suas variantes: Hassidins, Terapeutas, Zelotes, etc.

Havia grupos que também acreditavam no meio termo: O Cristo Místico e o Messias Revolucionário, um rei-sacerdote, que livraria Israel de seus inimigos pela força. Indícios nos levam a crer que o Homem que ganhou o nome de Jesus, o filho do homem, de acordo com o profeta Daniel, foi um líder místico de uma destas escolas e que desagradou às tendências judaicas mais permissivas e mancomunadas com os Romanos, além do próprio governo romano.

O Homem (Jesus) é o Cristo por excelência para nós, pois é o Governador do Planeta Terra, o Logos Planetário, Espírito Puro, já chegado à condição crística, unindo-se ao Seu Deus e Criador e cooperando com Ele na obra da criação, manutenção e transformação.

De acordo com os ensinamentos de Jesus, o Homem pode se tornar um filho de Deus, como o Cristo ou o Logos (o Verbo) Gnóstico. O Filho de Deus é o Grau máximo da União Divina, que é a verdadeira natureza da condição humana. Por isso está escrito que Tomé (o gêmeo) perguntou a Jesus como conhecer o caminho para também ser uno com Deus, ele respondeu: Eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vem ( verbo indicando que ele já está ao lado do Pai) ao Pai a não ser por mim. Isso quer dizer que o comportamento justo, digno, humanitário e social é o caminho da união com Deus. Esse mesmo caminho que tantas filosofias religiosas sérias pregam. Como a Umbanda, o Budismo, Hinduismo, etc... Não é a religião que leva ao Pai e sim o comportamento, a postura humana que eleva o ser humano.

Na Umbanda, a figura do Cristo místico, uno com o Pai, com toda sua bagagem filosófica cristã, é base essencial de sua Doutrina. Jesus é, para o Umbandista, o Filho de Deus, que como Governador, Cristo Planetário da Terra, derrama de Suas mãos amorosas as 07 Vibrações Sagradas e Divinas, com suas regências e hierarquias. Ele, o Senhor Jesus Cristo reflete diretamente sua Luz sobre a Vibração Eólica, que irradia a Fé e a Religiosidade no nosso Planeta. Não se deve confundir Oxalá, regente da Vibração Eólica da Fé, com Jesus, o Cristo Senhor, Divino Senhor da Luz, por isso muitas vezes também chamado de Divino Oxalá. Oxalá é o Orixá do ar e está presente em toda parte. A condição humana a que Oxalá está ligado é a sabedoria, a paciência, a paternidade. O nome Oxalá significa literalmente Senhor do Branco. Jesus e Oxalá não são a mesma Entidade. Enquanto um é a irradiação do Trono Divino da Fé para o Planeta Terra,  Jesus é o Cristo Cósmico, o Verbo de Deus, Governador do Planeta e Logos Planetário da Terra. Sendo, abaixo de Deus, o Senhor Absoluto do nosso Planeta e de todos os espíritos encarnados e desencarnados aqui existentes, conduzindo-os pelos patamares da evolução.

Sua encarnação na Terra como Jesus de Nazaré visou precisamente nos ajudar na subida dessa íngreme escada evolutiva em direção da felicidade suprema em Deus. Por isso o nosso Cristo, em Jesus de Nazaré, tornou-se nosso Mestre Divino.

A importância da filosofia cristã para a Umbanda é fundamental e está na base de suas raízes, pois nos leva ao amor e respeito a Deus, à natureza e ao semelhante, bem como a ajuda ao próximo. Atributos essenciais para o bem viver social. Isso é o que permite que, apesar da imensa variedade de vivências e formas de entender e trabalhar na umbanda, nenhuma delas perde o essencial, que une todas em torno da sua finalidade, que é a sua essência: Caridade, equilíbrio, fraternidade e paz da religião.

Na Umbanda, religião espiritualista por natureza, Jesus é o Mestre espiritual, nosso modelo de espírito consciente de suas responsabilidades e deveres para com o bem comum. É o símbolo vivo, dinâmico da espiritualidade, e sua presença na Umbanda é vital para conhecermos o caminho, a verdade e a vida, através de sua filosofia deixada e encontrada facilmente nos Evangelhos. A Umbanda não é Catolicismo, mas é Cristã, já que a figura de Cristo é essencial aos nossos ideais espirituais de trabalho.

Jesus é o Mestre Maior do umbandista que está sempre no alto do Congá, olhando nossos trabalhos, nos ajudando e se deixando ver, para que saibamos que não estamos sozinhos e desassistidos da ajuda divina e que nossa missão é apresentar a todos a pessoa de Jesus e a Sua mensagem evangélica.

Pai Valdo (Sacerdote Dirigente do T. E. do Cruzeiro da Luz)

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Caboclos na Umbanda Espírita Cristã

Caboclos na Umbanda Espírita Cristã

A palavra caboclo, vem do tupi kareuóka, que significa da cor de cobre; acobreado. Espírito que se apresenta de forma forte, com voz vibrante e traz as forças da natureza e a sabedoria para o uso das ervas.

A marca mais característica da Umbanda, que é uma religião surgida no Brasil no final do século XIX e início do século XX, é a manifestação de entidades espirituais, por meio da mediunidade de incorporação ou psicofonia, no afã de trazerem a boa orientação e a evangelização, missão essencial da Umbanda , religião fundada pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas: “Venho fundar uma nova religião, cuja base é o EVANGELHO e o Mentor Maior, o CRISTO”. Os primeiros espíritos a “baixar” nos terreiros de Umbanda foram aqueles conhecidos como Caboclos e Pretos-velhos, a seguir surgiram outras formas de apresentação como as Crianças, conhecidas, variadamente, como Cosme e Damião, Dois-dois, Ibejis ou Yori. Essas três formas, Crianças, Caboclos e Pretos-velhos, formam o que se chama em Doutrina Umbandista a Trilogia das Formas, pois são vestimentas perispirituais assumidas pelos Benfeitores Espirituais na Umbanda no sentido de passarem uma mensagem inclusiva e nacional. Podem ser consideradas as principais porque resumem vários símbolos: representam, por exemplo, as raças formadoras do povo brasileiro – indígenas, negros e brancos europeus – e também representam as três fases da vida – a criança, o adulto e o velho – mostrando a dialética da existência. Além disso, trazem valores arquetipais de Pureza e Alegria na Criança; Simplicidade e Fortaleza no Caboclo e a Sabedoria e Humildade dos Pretos-Velhos, mostrando o caminho para a evolução espiritual dos sentimentos, do corpo físico e da mente. Com a expansão da Umbanda, muitas entidades apareceram engrossando a Linha dos Caboclos, como os Baianos, Boiadeiros, Marinheiros e outras, sem falar de Exu, outro grande ícone umbandista.

Essa diversidade confirma a abrangência desse movimento espiritual que chama a todos e recebe seres encarnados e desencarnados, com vibrações de fraternidade e amizade sob a luz de Oxalá.

Nesse artigo trataremos, mais especificamente, das entidades conhecidas como Caboclos, invariavelmente presentes nos Templos de Umbanda praticando a caridade e cumprindo sua missão espiritual.

Existem variações no entendimento que os umbandistas têm sobre o que sejam os caboclos. As variações são próprias do movimento umbandista, notavelmente plural, mas há consenso na Umbanda, no fato de que os Caboclos são espíritos de humanos que já viveram encarnados no plano físico e são, portanto, nossos ancestrais. É interessante notar que em alguns cultos afro-brasileiros, os caboclos são considerados “encantados” e se relacionam com os espíritos da natureza, recebendo nomes de animais, plantas ou outros elementos naturais. Essa percepção se aproxima das lendas indígenas que narram um tempo em que os animais falavam e viviam em comunhão com os homens, podendo um se transformar no outro.

A palavra caboclo vem do tupi kariuóka, que significa da cor de cobre; acobreado. A partir daí vem a relação com os índios brasileiros, de tez avermelhada. Assim, a palavra caboclo passou a designar aquilo que é próprio do indígena brasileiro de cor acobreada (Caboclos Índios). Posteriormente surgiu a noção de caboclo como mestiço de branco com índio, o sertanejo (Caboclos Boiadeiros, Marujos e Baianos).

Dada essa relação dos caboclos com os indígenas, e em sendo estes habitantes das matas, voltados à caça e pesca para subsistência e, ainda, sendo os Caboclos mensageiros da Simplicidade e da Doutrina, a Vibração sob a qual se apoiam não poderia ser outra senão a do Orixá Oxossi. Assim podemos dizer que todos os Caboclos são da Linha de Oxossi, tendo, contudo, seu amparo e campo Vibratório próprio, o que surge como a polarização na Linha a que pertencem como trabalhadores de Umbanda no campo espiritual.

Assim, por exemplo, o Caboclo Ventania de Aruanda, que é uma Entidade que assume a roupagem de Caboclo índio em seu trabalho na Umbanda, é da Linha de Oxossi, contudo esta Linha está polarizada pela sua vibratória pessoal que, no caso, é a de Xangô. Assim dizemos que se trata de um Caboclo da Linha de Oxossi e da Vibratória de Xangô.

Na Umbanda Espírita Cristã entendemos que toda Entidade trabalhadora do Movimento religioso de Umbanda (Caboclo, Preto Velho, Criança e Exu) tem sua Linha, sua Falange e sua Vibratória, que deve ser expressa no Ponto Riscado daquela Entidade.

Esses são os Caboclos de Umbanda. As Entidades que incorporam em seus médiuns na Vibração direta dos diversos Orixás, nós denominamos de Mensageiros dos Orixás, essas são as entidades da vibração de Ogum, Xangô, Yemanjá, Oxum, Nanã, Obaluayê, Yansã. Essas Entidades não são, propriamente, caboclos, mas Mensageiros da Vibração que trazem consigo, espalhando no ambiente, quando incorporado em seus médiuns, os fluidos benéficos próprios daquela Vibratória.

Quando dizemos que aquele  caboclo é da praia, do mar, das ondas, das pedreiras, das cachoeiras, dos rios etc., cujos elementos se associam aos outros Orixás que não a Oxossi, queremos dizer que aquele Caboclo é da linha de Oxossi, sempre, mas da Vibração de Xangô, Yemanjá, etc... É a polarização sempre presente na magística energética no Plano físico.

Os Caboclos são espíritos que se apresentam na forma de adultos, com uma postura forte, de voz vibrante, que trazem as forças da natureza, manipulando essas energias para trabalhar nas questões de saúde, vitalidade e no corte de correntes espirituais negativas, ensinando e usando a Doutrina racional à luz do Evangelho de Jesus. Entendemos os Caboclos como símbolo de fortaleza, do vigor, da fase adulta, do caçador de almas e doutrinador dos espíritos.

Todas as Entidades de Umbanda e, portanto, também os Caboclos, se manifestam no movimento umbandista trazendo e realizando, no micro, a magística universal Tântrica, Mântrica e Yântrica. Tântrica (Luz – Mente), pela canalização com seu médium e elevação espiritual de sua manifestação; Mântrica (Som), pelo seu brado característico, também chamado de Ilá; e Yântrico (Movimento), pela sua postura e movimentos característicos, por exemplo, o Caboclo Índio com a  postura de atirar flechas e etc...

Aproveitemos, nós umbandistas, mais esta manifestação da misericórdia de Deus e nos aproximemos desses  irmãos da espiritualidade, com suas vestimentas perispirituais, e bebamos na fonte das mensagens que eles querem nos transmitir, desde a sua forma de apresentação até as suas palavras orientadoras, para que assim possamos ser beneficiados com a finalidade da missão que esses amigos espirituais têm em relação a nós, seus irmãos caminhantes, no momento encarnatório que nos encontramos.

Okê Caboclo!

Pai Valdo (Sacerdote Dirigente do T. E. do Cruzeiro da Luz - RJ)
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