quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Psiquiatria - Transe e Possessão - Parte 14 e última


Conversão

Enquanto na terminologia psiquiátrica conversão significa a passagem ou o salto de um conteúdo psíquico para o orgânico, um quadro que faz parte do espectro histérico ou histriônico, em religião conversão significa uma grande mudança na atitude cognitiva da pessoa.

Após a conversão as pessoas percebem-se a si mesmas como mudadas em pelo menos dois diferentes aspectos: em seus traços de personalidade (temperamento por exemplo), e na própria identidade social (incluindo vínculos comunitários, sentimentos de pertinência, papéis desempenhados, percepções do mundo, etc). Veja Hulda Stadtler .

Entre as mudanças cognitivas operadas na conversão destacam-se as concepções de si mesmo e a aquisição de um novo sistema cognitivo. Entre as alterações da concepção particular de si mesmo ou da reavaliação do "estar-no-mundo", o Pentecostalismo descortina para a pessoa a possibilidade de tornar-se um membro especial do povo de Deus com a conseqüente reestruturação cognitiva.

Segundo Hulda Stadtler, em sua tese “Conversão ao pentecostalismo e alterações cognitivas e de identidade”, o Pentecostalismo gera mudanças em todos os aspectos das vidas das pessoas, e essas mudanças são valorizadas positivamente tanto pelos convertidos quanto pelos outros.

Existem, de acordo com os dois principais modelos religiosos de nosso meio, duas explicações para as mudanças da personalidade na conversão. Para os católicos carismáticos, as alterações seriam o resultado do abandono de comportamentos prévios pela intervenção direta do Espírito Santo. Para os crentes da Assembléia de Deus e outros evangélicos pentecostais a conversão seria a adoção de um modelo de personalidade e comportamento do próprio Cristo.

O Pentecostalismo é um movimento religioso que tem a convicção de que os dons milagrosos ou os sinais que Deus deu aos apóstolos e às igrejas primitivas ainda estão disponíveis, podendo ser exercitados pelos cristãos hoje, portanto, o Pentecostalismo reivindica que Deus dá dons milagrosos para as pessoas.

A idéia se baseia no Evangelho de São Marcos (16:17-18 e I Corintos 12:8-11):
“E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas; pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão.”

.......

“Porque a um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência; e a outro, pelo mesmo Espírito, a fé, e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar; e a outro a operação de maravilhas; e a outro a profecia; e a outro o dom de discernir os espíritos; e a outro a variedade de línguas; e a outro a interpretação das línguas. Mas um só é o mesmo Espírito que opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer.”

Na igreja católica o Pentecostalismo às vezes é chamado de movimento carismático, devido ao fato de dar ênfase à suposta continuação do charismata milagroso ou dons.

Haveria dois tipos de dons, mencionados no Novo Testamento: há os dons chamados ordinários e os dons extraordinários.

Os dons chamados ordinários levam esse nome porque Deus, ordinariamente, os dá às pessoas em todos os tempos, tais como a fé, a esperança e a caridade. Os dons extraordinários são assim chamados porque não são dados ordinariamente. Estes dons extraordinários são sobrenaturais e permitem às pessoas que os possuem executar ações sobrenaturais.

Normalmente, quando os Pentecostais falam de dons ou charismata, eles se referem aos dons extraordinários da cura, dos milagres, de falar línguas estranhas, revelações diretas de Deus, expulsão de demônios e até mesmo pegar em serpentes e beber veneno e outras peripécias.Para os Pentecostais, a expressão Batismo com o Espírito Santo é um evento diferente do batismo da igreja, o qual objetiva a graça da salvação e perdão do pecado original. Para eles, o Batismo com Espírito Santo seria o exercício de um ou mais dons extraordinários, falar em línguas estranhas, etc. O nome Pentecostal deriva, justamente, da crença de que podem ser repetidos os milagres do Pentecostes, especialmente, o de falar em línguas estranhas.

Fonte: Estudos Bíblicos de Autores Batistas

(Final)

para referir:
Ballone GJ, Ortolani, IV  - Transe e Possessão - in. PsiqWeb, Internet, disponível em www.psiqweb.med.br, revisto em 2005.

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